Mulheres na construção civil mudam cultura do canteiro de obras, diz engenheira
O projeto Mão na Massa possibilita mulheres que queiram fazer cursos gratuitos na área da construção civil no Rio de Janeiro. São 140 vagas para cursos de pedreira, encanadora, pintora e eletricista.
São duas turmas nos períodos da manhã e tarde, durante seis meses. Nos últimos sete anos, quase mil mulheres foram capacitadas no projeto. As aulas de qualificação social são dadas no Abrigo Maria Imaculada, no Rocha, zona norte da cidade.
A idealizadora do projeto, a engenheira civil Deise Gravina, disse que mais de 60% das mulheres formadas pelo Mão na Massa estão empregadas no mercado formal. Entre as mudanças promovidas pela presença feminina no canteiro de obras, a engenheira destacou a economia, organização e também mais atenção com relação ao uso de equipamentos de segurança do trabalho.
“Elas conseguem mudar a cultura do canteiro porque os homens tendem a se comportar melhor, a ter atitudes melhores. Como elas entram como técnicas, muitos homens voltaram a estudar. Há um aumento da escolaridade, melhoria da postura.” Segundo Deise, não existe preconceito dos homens quanto à participação de mulheres nas obras.
Pesquisa feita pelos organizadores do projeto com 216 mulheres da Comunidade Rato Molhado, no Engenho Novo, zona norte da capital fluminense, mostrou que quase 80% das entrevistadas consideraram que a construção civil seria uma opção de aprendizagem, pois já faziam pequenos serviços.
Na segunda fase do curso, elas têm aulas práticas no canteiro de obras no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) ou na Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), quando têm contato com a obra em si. Na última fase, de estágio, elas vão fazer obras de verdade em entidades beneficentes, “para devolver para a sociedade o que a sociedade investiu nelas”. Nesta etapa, elas são acompanhadas por engenheiros, arquitetos e técnicos de edificações que dão os últimos toques para que elas estejam prontas para o mercado.
Ana Carla Silva Braz fez a primeira edição do curso, em 2008. Para ela, a experiência foi muito importante. “O Mão na Massa me abriu as portas, porque eu estava há cinco anos desempregada, mesmo sendo professora. Depois disso, não fiquei mais sem emprego. Até hoje estou trabalhando em obra”.
Fonte: Cenário MT